Quem nasce escutando o canto agudo do galo garnizé logo às cinco da manhã, corre para a janela e vê lá pertinho o pai ordenhando as vacas no curral, não consegue ter outro sonho na vida do que um dia ter o seu próprio banquinho, os braços e os dedos fortes para apertar teta cheia de leite gordo. Com Ivair, a história não foi diferente. Sempre quis viver na fazenda dos pais. Nem sonhava, mas aquele seu desejo se tornaria o combustível para preservar a tradição da família no campo.
Na região do Queijo da Canastra é assim: a natureza não escreve história sozinha. Enquanto ela for preservada, a memória de todo o seu povo também estará guardada em forma de costumes e sonhos. Quando Ivair fez barba na cara, foi obrigado a ir para a cidade. Durou pouco. Não teve santo ou mãe brava que desse jeito do rapazote ficar longe da roça. Trouxe apenas o seu novo amor: Lúcia. Juntos ficaram. Juntos voltaram para a fazenda e juntos seguem fazendo aquilo que aprenderam a amar antes mesmo das letras da escola: o queijo.
Quem passa pela fazenda de Ivair e Lúcia não encontra só um queijo feito com carinho. Vai receber uma lapada de felicidade de um casal com o pé fincando nas raízes da Canastra e com os corações entrelaçados como cipó de capoeira.