Queijo Canastra | Marcos Lana Ponte Velhano
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Marcos Lana
Ponte Velhano

Meu nome e? Marcos, tenho 65 anos e uma longa esto?ria para contar… Se deixar fac?o como meu avo? de parte de ma?e, que nasceu aqui na regia?o. Quando mais velho ia falando o que perguntavam e emendando episo?dios no meio, parece que nunca chegava o fim da histo?ria… Eu escutava com interesse, por que eram histo?rias cheias de vida, dele, de amigos, de lugares, de relacionamentos, de atividades diversas e muita coisa da lida na roc?a. Na e?poca era roc?a, mesmo tendo um munda?o de terra. Valia pouco e se trabalhava muito.

O convi?vio com meu avo? desde pequeno foi o que despertou e sempre manteve meu interesse pela vida rural. Como a vida da? muitas voltas, so? muito mais tarde vim morar e trabalhar na roc?a. Ate? 9 anos morei no interior (Bambui? e Carmo do Paranai?ba) de onde fui arrancado com a mudanc?a dos meus pais para o Rio de Janeiro. E por la? fiquei, estudei e casei. Nas fe?rias voltava com os pais a Minas para rever os avo?s e parentes. Estudei Geologia no Rio e so? sobrava tempo para o trabalho e cuidados com as tre?s filhas. Morei uns anos em Vito?ria e Macae? e passei um bom tempo sem voltar por aqui. Em 1984 fui para Ouro Preto fazer um mestrado e me reaproximei da fami?lia e do avo?, que nesta e?poca dividiu as terras entre os muitos filhos. Acabei comprando este pedac?o de uma tia, era para ser em sociedade com outro tio, que desistiu. E eu fiquei com uma terra sem nenhuma estrutura, sem entender nada do assunto mas cheio de alegria por estar voltando a?s minhas rai?zes… Voltando entre aspas, pois na?o conseguia passar mais que um fim de semana prolongado aqui.

O trabalho tomava todo o tempo e me separei com as tre?s filhas ainda pequenas e ja? na?o queria sair do Rio, para estar perto delas. Nas fe?rias e feriados vinha para ca? com elas, fizemos uma casinha, comprei umas vaquinhas do avo?, contratei uma pessoa para cuidar, comec?amos a fazer um queijinho e acumular prejui?zos e alegrias. E mesmo de longe fui tomando gosto pelas atividades, escutando palpites de parentes e empregado, que mais que empregado era amigo: faz cerca, limpa esse mato, planta capim, planta milho, roc?a os pastos, faz uma queijerinha…

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