Geraldo cresceu escutando o pai falar que o queijeiro vinha chegando para pegar a produção do mês. Logo ficou sabendo que o seu bisavô também era desses. Um tipo de caixeiro viajante que levava o queijo e a rapadura da roça para a cidade grande e de lá, trazia só o sal e o açúcar. Porque pai de família no campo que se preze, tem de tudo o que comer saindo do chão da sua fazenda.
Na Região do Queijo da Canastra é assim: tudo que se merenda vem da própria terra. Do mercadinho, só o tempero que não é de folha.
Depois de crescido, Geraldo pegou de tocar a tradição da família: de um lado produz seu queijinho famoso e de outro, corre o trecho distribuindo e vendendo a produção de outros que não têm a mesma sorte ou condição.
É bem sabido que por estas bandas, você avista longe um espigão num pé de morro. Pensa que lá não tem nada além de bicho do mato. Engana-se porque nesse pedaço, em qualquer cantinho, brota água e queijo, seja de um produtor com mais fartura ou aquele pequetito com suas duas ou três peças por dia.
Se a lida de Geraldo está certa ou errada, isso cá não tem providência de consertar. Certeiro é saber que por onde um queijeiro andar na Região do Queijo da Canastra ou na cidade grande, lá estará ele com a boleia cheia de histórias para serem contadas em pedaços de queijos.