Quando ouviam o barulho da caminhonete vindo da garagem, Alexandre e Guilherme acordavam e colocavam os pés pequeninos no chão frio. A mãe Edina lhes entregava as botinas e os dois irmãos fugiam para acompanharem o velho avô Chico Heitor até a fazenda Capela Velha, na zona rural de São Roque de Minas.
A dupla acabou dando seguimento à tradição de “fujões” da Capela Velha, que leva o nome da região onde se iniciou o povoamento de São Roque de Minas. Um pedaço da Região do Queijo da Canastra que ficou famosa por outro fujão: o santo.
Diz a lenda que, por problemas de água, foi preciso construir uma outra capela para que as
pessoas aceitassem se deslocar para a serra bem em frente onde estava o povoado. Para lá
foram, mas um morador da nova sede não se arranjava. Era amanhecer e perceber que a
imagem do santo não estava na capela nova. Ele fugia para a Capela Velha.
Alexandre e Guilherme decidiram fugir definitivamente para a fazenda. Ao lado da mãe e do
avô, passaram a produzir o queijo artesanal. Chico Heitor se foi. Deixou a saudade para os
netos e as lembranças do tempo em que eram apenas dois pequenos garotos fujões, com os
seus pedacinhos de corda, o baldinho pequeno feito pelo avô e um coraçãozinho apaixonado
por tirar o leite especial que iria virar queijo na Capela Velha.