Pense no sabor do Queijo da Canastra maturado. Amanteigado? Forte ou ácido? Mais leve do que os franceses?

Agora pense novamente nisto, levando em conta um ensinamento: a cada época do ano, o pasto está diferente. Estando o capim mudado, o leite da vaca nunca terá o mesmo sabor. Então, a cada dia, o Queijo da Canastra tem um componente diferente, transmitido para o sabor.

Ao mesmo tempo, a Região do Queijo da Canastra guarda por suas bandas uma tradição e um jeito de se produzir seculares, impossíveis de se copiar para fora daquele chapadão. Clima, pastagem, tipo de gado e técnicas ensinadas de avô para pai e de pai para filho. Uma tradição compartilhada de fazenda por fazenda.

Em Medeiros, Luciano aplica suas lições. Produz um queijo apreciado até nas bandas da Europa. Mas uma regrinha, ele não cansa de dizer: a cada queijo novo, prove um pedacinho e viva aventuras gastronômicas únicas.

Debaixo de sua inseparável boina, Luciano guarda na cachola um segredo, na verdade, uma sabedoria. Bem diz que é preciso sentir o sabor de hoje porque o de amanhã será Canastra, mas sempre terá um gostinho diferente.

Essa surpresa do dia seguinte é guardada para mostrar que só mesmo a combinação da natureza da Canastra é capaz de dar ao produtor do queijo a dádiva de se reinventar eternamente.